Audiência Pública na Câmara de João Monlevade reforça importância da prevenção ao suicídio
A Câmara Municipal de João Monlevade sediou, nesta terça-feira (30), uma audiência pública sobre o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio e valorização da vida. O evento, proposto pela vereadora Maria do Sagrado (PT), reuniu profissionais da saúde, educação, assistência social, segurança pública e representantes da sociedade civil para debater estratégias de acolhimento e políticas públicas sobre o tema.
Abordagem multissetorial
A psiquiatra Rosangela Ribeiro enfatizou que o suicídio é uma questão de saúde pública que demanda ação coletiva. "O suicídio pode ser prevenido. É papel do poder público treinar profissionais de saúde e das linhas de frente para identificar sinais de risco e encaminhar para tratamento adequado". Ela citou dados da Organização Mundial da Saúde que apontam aproximadamente 700 mil mortes por suicídio anualmente em todo o mundo.
Desmitificação e educação
A assistente social do Hospital Margarida, Rose Vasconcelos, abordou conceitos equivocados sobre saúde mental. "Há quem diga que depressão é frescura, mas não é. A pessoa precisa de um olhar diferenciado e escuta ativa". Ela destacou ainda a importância de combater o estigma em relação aos medicamentos psiquiátricos, que quando prescritos e acompanhados por profissionais são eficazes e seguros.
Atuação na educação
A psicóloga da Secretaria de Educação, Cibele Silva, apresentou o programa "De Setembro a setembro", que desenvolve atividades durante todo o ano letivo. "Acreditamos que é no trabalho diário que construímos crianças saudáveis e protegidas". O programa aborda bullying, discriminação e violência, promovendo escuta ativa e articulação entre escola, famílias e rede de proteção.
Dados e notificação
A enfermeira da Vigilância Sanitária, Mara Geralda Gomes Souza, explicou que o setor é responsável por receber notificações de tentativas e suicídios consumados. "Os dados mostram que as tentativas são mais frequentes entre mulheres, enquanto os suicídios consumados ocorrem mais entre homens, que muitas vezes têm mais dificuldade em buscar ajuda".
Atenção contínua
A coordenadora do Sésamo, Eliana Bicalho, ressaltou que o cuidado com a saúde mental deve ser permanente. "Este assunto é trabalhado por nós todos os meses. Não podemos concentrar todas as nossas ações de prevenção em apenas um mês". A secretária de Saúde, Raquel Drumond, lamentou a rejeição pela Câmara do projeto que instituiria a Política Municipal de Valorização da Vida, mas garantiu que as ações sobre o tema continuam sendo implementadas.
O evento contou com a participação de vereadores, secretários municipais e representantes de diversas instituições, reforçando o compromisso intersetorial com a prevenção do suicídio e a promoção da saúde mental no município.
